DENUNCIE SEMPRE

Cada dia vemos o quanto nosso dinheiro é destratado pelos governantes. Pessoas enriquecem às nossas custas: celulares, carros, moradia, alimentação - tudo pago com nosso suor, com nosso trabalho! É uma pena que ainda sejamos passivo a esse desrespeito. Se queremos mudança, devemos começar a tomar outras atitudes. Estamos sendo tratados como os escravos que trabalhavam simplesmente para conforto e bem estar de seus senhores. Conquistamos a democracia e com o capitalisto também podemos ter uma vida digna. Não vamos nos acomodar com os desmandos de certos políticos brasileiros. Somos responsáveis por eles estarem lá, então vamos cobrar mais ética e respeito com nosso trabalho, nosso suor e nosso dinheiro.

terça-feira, 5 de junho de 2012

http://denunciandobrasil.blogspot.com.br/2012/06/ruas-da-serra-da-cantareira.html

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/para-o-torcedor-brasil-2014-vai-ser-a-copa-da-corrupcao

 

Para o torcedor, Brasil-2014 vai ser a 'Copa da corrupção'

Uma pesquisa inédita mostra que o Mundial, por enquanto, desperta sensações profundamente negativas. Para oito em dez pessoas, país deixará imagem ruim

Giancarlo Lepiani
 
A história das Copas do Mundo ensina que receber o torneio aumenta as chances de vitória da seleção que joga em casa. Nas últimas edições, porém, esse retrospecto vem sendo contrariado - nas últimas três décadas, apenas a França, em 1998, festejou a conquista de um Mundial como país-sede. Outro benefício atribuído à realização de uma Copa é o impulso no crescimento econômico da nação que acolhe a festa. Esse efeito positivo, no entanto, também provoca controvérsia: para muitos economistas, o reforço no PIB no ano do Mundial acaba sendo pulverizado nos anos seguintes, quando os lucros colhidos com o evento desaparecem e sobram apenas as contas deixadas pelas obras monumentais exigidas pela Fifa. Existe, ainda, outro desdobramento comum de uma Copa em casa, algo que causa um impacto mais evidente e imediato, ainda que seja mais difícil de ser mensurado. Trata-se de uma injeção poderosa de confiança e orgulho nacional, que desperta na população um clima de euforia pela chance de desfilar o sucesso de seu país diante do resto do planeta. Depois do oceano de bandeiras tricolores que cobriu a Alemanha em 2006 e do rugido das vuvuzelas que uniu a África do Sul em 2010 (leia mais no quadro no fim do texto), a Copa do Mundo corre o risco de amargar seu anticlímax em 2014 - justamente num lugar fascinado pelo futebol e, segundo consta, especialista em fazer uma grande festa. Se depender das expectativas atuais da torcida, o Mundial do Brasil será uma estrepitosa decepção, talvez até um vexame internacional. Pouca gente se sente satisfeita com a Copa. Menos gente ainda está ansiosa para ver o maior evento esportivo do planeta acontecer em seu próprio país.

Edição especial VEJA-Placar


Organização: A Copa do Mundo é agora

Artigo: Só vale mesmo pela felicidade

História: Maracanã, um colosso improvisado

Infraestrutura: Corrida contra o tempo

Seleção brasileira: Vai faltar pressão

Negócios: Na Fifa, os senhores da bola
A pouco menos de três anos para o início do Mundial, o site de VEJA recorreu a seus leitores para medir a percepção da torcida sobre 2014. Numa pesquisa de opinião realizada entre os dias 20 e 25 de julho, 1.879 pessoas de todas as regiões do país responderam a doze perguntas a respeito da Copa. Os leitores foram consultados sobre os preparativos do país, sobre o papel do poder público no evento, sobre as sensações provocadas pela realização do torneio e, claro, sobre as chances da seleção brasileira. O cenário desenhado pelos resultados da sondagem é absolutamente desastroso. Em todas as doze questões propostas, a opinião majoritária sempre foi negativa. Ainda mais alarmante para a Fifa, a CBF e o governo - os responsáveis pela escolha do país como sede, pela organização da Copa e pela realização das principais obras - é a dimensão desse pessimismo. Em nenhuma questão incluída na pesquisa há equilíbrio entre as respostas positivas e negativas. As piores opções possíveis foram assinaladas por uma sólida maioria dos participantes da sondagem. As amplas margens que separam os porcentuais favoráveis e desfavoráveis do levantamento não deixam dúvidas: hoje, a Copa do Mundo de 2014 não empolga nem cativa o torcedor, desperta temores sobre a imagem do brasileiro no exterior e provoca insatisfação por causa do gasto excessivo e pouco inteligente de dinheiro público nas obras. A 34 meses da abertura, marcada para 12 de junho, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, ainda há tempo de sobra para que essas opiniões se amenizem - principalmente se as obras enfim começarem a avançar de verdade. É de se esperar, aliás, que o brasileiro se anime um pouco mais quando o clima da Copa começar a ser sentido. Até agora, entretanto, o Mundial é um fiasco, conforme revelam os números detalhados a seguir.

► Um dos principais argumentos dos defensores dos benefícios da realização da Copa do Mundo no Brasil é a oportunidade rara de mostrar as virtudes do país ao resto do mundo. Em alta no cenário econômico e com relevância crescente na comunidade internacional, o Brasil poderia aproveitar o Mundial para se reinventar diante das outras nações, deixando para trás sua velha imagem do país de um futuro que nunca chega. Para 78% dos participantes da pesquisa, porém, os torcedores que virão ao país em 2014 voltarão para casa com uma percepção ruim do Brasil. Só duas entre cada dez pessoas acreditam que a imagem geral da Copa do Mundo será positiva.

► Os Mundiais de futebol costumam causar associações positivas na cabeça dos torcedores - mesmo quando sua seleção não é a campeã. Palavras como "vitória", "festa" e "sucesso", por exemplo, são frequentemente relacionadas com a experiência de participar de uma Copa. Conforme os leitores, no entanto, há outros termos - muito mais negativos - que se encaixam melhor no contexto da Copa de 2014. Entre as seis palavras propostas pela pesquisa, três eram negativas e três, positivas. A campeã disparada foi talvez a mais forte e grave opção apresentada. Com a convicção geral de que haverá desvio de dinheiro público, superfaturamento de obras, troca de favores entre os envolvidos na organização e desperdício de recursos, o termo "corrupção" foi citado por sete entre cada dez pessoas para definir a Copa do Mundo no Brasil. Talvez por isso mesmo, o segundo termo mais citado é outro que carrega sentido muito negativo. "Decepção", para 12% dos participantes da pesquisa, é a palavra do Mundial. Provavelmente uma referência a tudo aquilo que o brasileiro esperaria de uma Copa em casa - como "festa" (o termo citado por 7%), "sucesso" (3%) e "vitória" (apenas 2%).

► Foi a primeira promessa quebrada da Copa do Mundo no Brasil: quando o país foi escolhido para sediar o torneio, o governo e a CBF tentaram contornar as críticas pelo altíssimo gasto necessário para fazer um Mundial dizendo que, aqui, todas as obras nos estádios seriam realizadas pela iniciativa privada ou através de parcerias com o poder público. Logo ficou bem claro, no entanto, que isso seria impossível. E começou o festival da gastança de verbas públicas na construção e na reforma dos palcos da Copa. Esse expediente, porém, só ganha a aprovação de 15% dos participantes da pesquisa. Os outros 85% são contra gastar dinheiro público em campos de futebol. A reprovação é ainda maior quando se trata de despejar altas quantias de dinheiro - público ou não - para construir novos estádios em cidades que já têm algum grande palco para jogos de futebol. É o que vai acontecer em São Paulo, por exemplo - o Estádio do Morumbi, tradicionalíssimo palco do futebol brasileiro, poderia ser reformado, mas foi preterido para que o Corinthians recebesse dinheiro público para construir um novo estádio, cujo valor final pode ficar na casa dos 800 milhões de reais. Recife é outro exemplo de cidade que já tem estádio mas ganhará um novo campo só por causa da Copa. Como os investimentos parecem estar concentrados nos estádios, a população desconfia de que pouco sobrará da Copa como real benefício para seu dia-a-dia. Um terço dos participantes da pesquisa acredita que haverá um legado positivo para o país, sem contar os campos de futebol. Os outros dois terços acham que não existirá avanço na infraestrutura, segurança e outros aspectos que poderiam ser beneficiados pela Copa.

► Além da corrupção e do gasto desnecessário de dinheiro público, outra grande preocupação do torcedor desde que a Fifa anunciou que a Copa aconteceria no Brasil é o risco de que as obras prometidas para 2014 não fiquem prontas a tempo. E os últimos meses ajudaram a consolidar esse temor: a própria Fifa manifestou publicamente sua irritação com a demora no início das obras em vários estádios. Os notórios atrasos no começo das reformas e construções tornaram-se a grande dor de cabeça dos organizadores da Copa. Hoje, só 12% dos participantes da pesquisa proposta pelo site de VEJA acham que tudo o que foi prometido ficará pronto em 2014. Para os outros 88%, a Copa começará com obras inacabadas ou improvisadas. E a culpa, para a grande maioria, será do próprio poder público. Para 79%, um possível fracasso do Mundial no Brasil deverá ser atribuído ao governo federal. A CBF organizou a candidatura da Copa e comanda o Comitê Organizador Local, mas é apontada como responsável por um eventual fiasco por apenas 14%. A Fifa, que entregou ao Brasil a chance de sediar a Copa e agora faz intermináveis cobranças ao país, seria a culpada de acordo com 4% dos leitores.

► Apesar da situação alarmante dos estádios projetados para o Mundial - dos doze, só quatro estão dentro do prazo, e outros três estão muito atrasados -, esse não é o principal foco de preocupação dos torcedores no caminho até 2014. Acostumados com uma rotina de atrasos e apertos nos aeroportos, eles apontaram a aviação civil como setor que mais provoca temores no momento. Entre as quatro opções apresentadas na pesquisa, os aeroportos foram apontados pela metade das pessoas como o grande problema do país a três anos do evento. Das doze sedes, oito têm aeroportos que operam acima de sua capacidade ideal. A conclusão das obras em boa parte deles tem prazos perigosamente próximos da época da Copa - em sete aeroportos, há o risco real de que o ano de 2014 comece com os terminais ainda em reforma ou construção. A segunda opção mais votada pelos leitores também tem ligação direta com o cotidiano das pessoas: as falhas do transporte urbano são vistas como principal problema por 29% dos participantes da pesquisa. Os estádios são apontados como o ponto crítico dos preparativos para 2014 por 18% dos participantes da pesquisa. O quesito rede hoteleira é motivo de preocupação para apenas 1%.

► Quando se trata de um país absolutamente fascinado por tudo o que se refere a futebol, era de se esperar que a volta da Copa do Mundo depois de mais de seis décadas provocasse uma enorme euforia entre os torcedores. Além da chance de ver sua seleção tentar o hexa jogando em casa, o Brasil receberá as maiores equipes do planeta, assistirá a grandes clássicos e acolherá torcedores de todas as partes do mundo. Esse cenário, entretanto, só empolga uma entre cada quatro pessoas. Para os outros três quartos, a realização da Copa no Brasil não provoca qualquer ansiedade. Da mesma forma, a chegada da maior festa do futebol ao país provoca algum tipo de sensação positiva em apenas 27% dos leitores que responderam à pesquisa. Os outros 73% afirmam que não estão satisfeitos com o fato de o país receber a Copa.

► O ceticismo sobre a competência das autoridades na tarefa de organizar uma Copa do Mundo já era de se prever. Igualmente esperadas - talvez não com doses tão elevadas de pessimismo - eram as dúvidas em torno do sucesso da empreitada brasileira em 2014. Mas pelo menos no quesito bola rolando era razoável projetar uma resposta mais confiante dos participantes da pesquisa. A expectativa da torcida, porém, é terrível também no âmbito esportivo. Apesar de ser a grande favorita a erguer o inédito sexto título mundial, a seleção brasileira, por enquanto, não convence. O time vai jogar com o apoio das arquibancadas e conta com uma geração talentosa, formada por atletas capazes de desequilibrar qualquer partida. Ainda assim, só 17% apostam no triunfo brasileiro na finalíssima, marcada para 13 de julho de 2014, no Maracanã, no Rio de Janeiro. Para os outros 83%, o estádio reconstruído a um custo de 1 bilhão de reais servirá de palco para a festa de alguma outra seleção.

► As duas Copas que precedem o Mundial do Brasil foram muito diferentes entre si. A de 2006, na Alemanha, aconteceu dentro de um contexto muito mais favorável, num país com estádios modernos e confortáveis, infraestrutura impecável e tradição na realização de grandes competições esportivas. A de 2010, na África do Sul, teve uma organização muito mais complicada. Só havia dois estádios próximos do grau de exigência da Fifa - todos os outros foram construídos do zero ou totalmente remodelados. Também faltavam a experiência em sediar eventos desse porte e um sistema de transporte capaz de aguentar a demanda de uma Copa. Os dois Mundiais foram bem sucedidos - cada um à sua maneira, dentro de suas possibilidades. Para os participantes da pesquisa do site de VEJA, o Brasil não fará um trabalho tão bom quanto alemães e sul-africanos. Só 7% dizem que a Copa de 2014 será melhor que a de 2006. Para 85%, nosso Mundial será pior que o dos alemães. Na comparação com os sul-africanos, a desvantagem é menor, mas ainda assim ficamos atrás. Só 14% acham que o Brasil fará uma Copa melhor do que a última. Para pouco mais da metade, ela será pior que a de 2010.


Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/esporte/para-o-torcedor-brasil-2014-vai-ser-a-copa-da-corrupcao

Atrasos na Copa

FONTE: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=447115&ch=n

Atrasos na Copa são preocupantes (Editorial)


O Globo

O Brasil foi escolhido em outubro de 2007, quase cinco anos atrás, para sediar a próxima Copa do Mundo. Logo em seguida à sagração, pela Fifa, da candidatura brasileira ouviram-se advertências sobre a necessidade de os organismos envolvidos na organização do evento, o poder público à frente, evitarem os erros que haviam sido cometidos ao longo da preparação do Rio para abrigar os Jogos Pan-Americanos daquele mesmo ano.

Confirma-se agora que eram justificados os insistentes alertas, à época rebatidos como apressadas manifestações de catastrofismo. A pouco mais de dois anos do Mundial de 2014 (e a um do começo da Copa das Confederações, parte do pacote da Copa) já se passou mais da metade do tempo concedido ao país para se preparar, e muito pouco foi feito.

É cada vez mais preocupante o ritmo das obras que o país se comprometeu a fazer para a Copa. O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, minimiza os atrasos no cronograma, mas as certezas da mais alta autoridade do governo envolvida diretamente com o evento se assentam apenas em profissões de fé.

A realidade escanteia seu otimismo: das 101 obras do Mundial, apenas cinco foram entregues.
Esse quase insignificante naco das intervenções previstas reúne investimentos de R$ 200 milhões — menos de 1% dos 27 bilhões destinados para estádios, aeroportos, portos e mobilidade urbana.

Até abril, 55 projetos ainda estavam em andamento e 41 (40%) sequer haviam saído do papel. Os números, divulgados pela Pasta do otimista ministro Rebelo, justificam as cobranças que a Fifa vem fazendo, com base em análises próprias do andamento das obras no país.

Nesse gargalo confundem-se incompetência gerencial do poder público, indícios de esperteza (de agentes envolvidos nos processos de liberação, contratação e realização de obras) e dogmatismo militante.

No primeiro caso, fica patente que os governos envolvidos no projeto Copa (em maior escala, o federal, fonte da maior parte dos recursos a serem desembolsados) não estão dando conta de seus compromissos; no segundo, suspeita-se haver, em certos casos, o mesmo movimento verificado na preparação do Pan de 2007, de se criar embaraços para reduzir o tempo de execução de projetos, de modo a abrir o campo para a entrada de expedientes como a burla a legislações e revisões orçamentárias, em nome da premência do tempo (mesmo que as obras já se beneficiem de um regime especial); no terceiro, com empecilhos principalmente na modernização administrativa dos aeroportos, estão as digitais do preconceito ideológico contra a necessária privatização da gerência dos terminais.

Em relação aos estádios a preocupação parece menor. Mas, quando entra na disputa para sediar a maior competição de futebol do planeta, o país se compromete a arcar com os custos (financeiros e administrativos) de preparar as cidades-sedes (intervenções urbanísticas, melhoria do sistema de transportes, modernização dos meios de mobilidade urbana etc.) para os eventos.

Ou seja, não basta garantir o conforto dos torcedores dentro das praças esportivas, mas assegurar-lhes facilidades (de locomoção, hospedagem e alfandegárias) para chegarem até os locais dos jogos — e nisso vamos mal.

O otimismo do ministro dos Esportes o leva a criticar o preconceito com “obras no papel”. A questão, no entanto, é outra: trata-se de determinar com que velocidade elas sairão das pranchetas.

Bicicletas X Carros - Mais uma vez aceitamos o desvio de nossos olhares!

O movimento de apoio ao uso das bicicletas na cidade de São Paulo é mais uma forma de desvio da responsabilidade pública em oferecer um transporte público decente. Como uma cidade com tantos veículos se torna refém das bicicletas?

O uso dos carros nas grandes cidades há anos não pode ser considerado um luxo ou uma forma de status social. O carro é hoje, muitas vezes, o único meio de transporte viável para os cidadãos. É claro que aquele que pode se locomover com o carro não vai escolher andar como "sardinha enlatada" nos transportes oferecidos pelo governo. Além da péssima conservação, ainda são transportes extremamente demorados e caros, que não viabilizam a locomoção pela cidade. Muitas vezes, para ir de um bairro a outro é necessário o uso de duas conduções, enquanto que com carro se leva 15 minutos.

Sim, é mais tranquilo andar de carro, mas não é fácil, tampouco barato. O combustível é caro, o imposto é absurdo e ainda temos a inspeção veicular - que é melhor nem comentar! Contudo, utilizar os ônibus é bem pior.

Para desviar nossa atenção desta condição precária do transporte público, o governo, através dos movimentos alienantes, toma seu lugarzinho neste "bonde" e apoia qualquer coisa que o desobrigue de sua responsabilidade. Porém, sendo a bicicleta uma solução, coloquemos os milhares de usuários de ônibus e metrô, que se excedem nas estações, em bicicletas pela cidade.

É claro que os acidentes aumentaram. Mas não é, simplesmente, pelo desrespeito generalizado, e sim pelo maior número de exposição. Quanto mais carros nas ruas, mais acidentes automobilísticos. Quanto mais motos, mais acidentes com motociclistas. Quanto mais bicicletas, mais acidentes com ciclistas. Contudo, atrelado a isto, vem a questão da desigualdade de direitos. Aqueles, considerados ‘minorias' ou ‘frágeis socialmente' são dotados de direitos que se sobressaem aos direitos dos demais.

Esquecemos, neste sentido, do desrespeito à própria cidade, da qual lhe foi retirado o direito ao planejamento urbano. São Paulo, por exemplo, é uma cidade que cresce pelo caos. Não há nenhuma forma de planejamento nas construções de vias públicas e, mais ainda, nos edifícios residenciais e comerciais.

Há bairros, como o de Santa Teresinha, na zona norte, onde estão sendo construídos 9/ 10 condomínios com 30/ 40 ou mais apartamentos por condomínio. A conta é simples de ser feita: estes apartamentos não custam menos de 800 mil reais, portanto, não morarão famílias sem carro ou que, necessária e preferencialmente, utilizam transporte público. Raras serão aquelas famílias com apenas um veículo. Teremos, por baixo, mais 500 carros nas ruas do bairro daqui alguns meses e as vias públicas continuam as mesmas de 30 anos atrás. E não adianta jogar esta responsabilidade para as construtoras, pois todos nós pagamos impostos para que as vias funcionem. As construtoras não podem, simplesmente, serem responsabilizadas pelas benfeitorias para mobilidade na cidade, pois assim, a barganha, para não dizer a corrupção, será inevitável. A pergunta a se fazer é: Quem dá o alvará para estas construtoras? Baseado em qual planejamento urbano os alvarás para construção desses condomínios são permitidos?

Agora, se a bicicleta, enquanto meio de transporte é a solução, então pensemos: e se todas essas pessoas resolvessem sair com bicicletas. Mães levando seus filhos nas escolas, crianças voltando para casa, executivos engravatados sobre bicicletas, médicos e enfermeiros chegando aos hospitais em suas bicicletas... Ou, então, coloquemos todos estes moradores no ônibus dos bairros ou no metrô, que já é insuficiente. Será que realmente a alternativa é deixar os carros em casa?

Alienados estão estes que contabilizam as ciclovias, que só servem para causar mais trânsito nos finais de semana. Para chegar a muitas ciclovias, as pessoas usam carros. Ou, senão, andam com suas bicicletas em ruas não apropriadas para isto.

Não vamos nos enganar! Grande parte das ruas não comportam ônibus, carros, motos e bicicletas. Muitas, mal comportam carros e motos.

Ao bel prazer de políticos e grupos isolados de pseudo defensores do meio ambiente contempla-se leis de direitos parciais, indicando a mais pura incapacidade de pensamento social e democrático.
São Paulo é uma cidade que não possui nenhum planejamento urbano. Não sei se por falta de profissionais habilitados para a atividade ou se é descaso próprio do percurso dos governos que temos tido.

Uma cidade onde proliferam construções imobiliárias, não se fala em projetos de novas vias ou aumento de linhas de ônibus – e o metrô está se tornando uma piada. Andamos em ônibus sucateados, com 10/ 15 anos de uso e que não parecem passar pelo roubo da vistoria (obrigatória para os carros). E para construção de vias de escoamento para saída dos bairros mais isolados seria necessário desapropriar centenas de casas. Contudo, enquanto isso, as construções crescem exageradamente e sem controle.

A cidade é suja, mal organizada, com ruas estreitas, mesmo onde há grande circulação de carros e ônibus. Mais uma vez, a solução feita através do "jeitinho brasileiro". Há regiões que não temos para onde "fugir": uma ou duas vias servem de escoamento dos bairros para o centro ou para outras partes da cidade.

A lei "cidade limpa" foi usada somente para usurpar pequenos empresários e comerciantes, pois ela não é base para as políticas públicas de verdade, onde a limpeza deveria ser generalizada, ou seja, ruas sem buracos, faixas e sinalizações bem visíveis, calçadas apropriadas para mobilidade, funcionamento de semáforos (que aliás é um artigo a parte de tão vergonhoso) – todas essas coisas significam organização , consequentemente mais limpeza e respeito.

A falta de organização e planejamento urbano é tão grave quanto os desvios de verbas da saúde, da educação e do transporte. Desrespeito, desorganização, sujeira, insegurança e caos caminham de mãos dadas. Estão atrelados uns aos outros.

O movimento pró-bicicleta, como mais um superdireito, torna-se aos poucos mais uma ação fascista que desconsidera o outro na sua vontade, necessidade e possibilidade, demarcando assim que a convivência democrática está na via do impossível. E ainda, tenta encobrir nossos olhos, semicerrados, do verdadeiro caos.

Além disso, andar de bicicleta não é para qualquer um, em qualquer lugar. Nas vias das grandes cidades é ainda pior. É preciso ter destreza, habilidade, cuidado e, principalmente, respeito à própria vida – e ainda, normas de segurança.

O que acontece hoje com os ciclistas é a mesma coisa que acontece com os motociclistas: falta de respeito com a própria vida, colocação de si como vítima incondicional, uso de manobras proibidas e arriscadas, falta de legislação coerente. Pessoas andam de bicicletas à noite, pelas ruas escuras, sem nenhuma sinalização luminosa e acreditam que estão certos, simplesmente, porque há outras pessoas que dizem que são minoria e fragilizados. Os motoristas devem adivinhar a presença de ciclistas e aquilo que vão fazer.

Sem perceber, as denominações grupais que tentam instaurar uma visibilidade diferenciada a partir da crença de serem exceções, somente comprovam que há uma regra, uma oficialidade, e, portanto, seus ideais e características nunca serão regras.

Contudo, mesmo sendo considerados minorias, para se valerem do bom convívio social, precisam ter regras específicas para existirem. Então, quais são as regras para os ciclistas? Poderão andar entre os carros como fazem as motos? Poderão cortar os carros, entrando na sua frente sem avisar? Poderão andar em qualquer faixa? Poderão andar em duplas, trios ou grupos na sua velocidade, desconsiderando o bom andamento do trânsito (pelo menos nos poucos momentos em que é possível exercer alguma velocidade)?

Então, quais serão os deveres dos ciclistas? Quais as habilidades deve ter um ciclista para andar nas ruas das cidades? Qual a idade mínima para circular com segurança? Com quais seus acessórios de segurança?

E o mais importante: sendo considerada a bicicleta um meio de transporte, que deve seguir normas de trânsito, qual será sua contribuição social, ou seja, quanto pagarão de imposto? E mais, qual o tipo de identificação deve ter uma bicicleta para reconhecimento de seu condutor? Ou os ciclistas são melhores e superiores em relação a todos os outros mortais que pagam ipva, licenciamento e usam placas identificatórias para poderem conduzir nas cidades? Impostos estes, que teoricamente, deveriam servir para melhoria do trânsito como um todo. Haverá multa para os maus condutores de bicicletas?

Será que estamos mesmos preparados para dividirmos espaço com mais um meio de transporte? Será que a cidade tem estrutura para comportar esta situação? Ou continuarão fazer o que sempre fazem: retiram o espaço de uns para dar a outros?

Acho mais esquisito ainda, o atrelamento que se faz entre educação e punição. O motorista – e somente o motorista – deverá ser multado. Talvez os grandes teóricos e os diversos pensadores da pedagogia e da educação atual devam ficar de cabelos em pé com a constatação de que todos nós humanos não nos educamos, a não ser quando há punição, ou multa. Somos seres incapazes de aprender pelo entendimento. Compreendemos a necessidade das coisas quando isto dói em nós, seja no corpo ou no bolso.

As leis de trânsito e o próprio funcionamento do trânsito das cidades comprovam que o atravessamento do aprendizado se faz pela dor. Portanto, podemos concluir que se as pessoas ainda aceitam o desconforto dos meios de transportes (e não é só isto, mas todo o conjunto de arbitrariedades que nos são impostas) é porque ainda não doeu o suficiente para que haja outra atitude. O povo brasileiro, ainda não se cansou, não sofreu o bastante.

Longe dos passeios automobilísticos, os carros são usados, principalmente, como locomoção para o trabalho e para a escola. Se pensarmos que durante as férias o trânsito melhora, podemos concluir (ironicamente, é claro) que a educação atrapalha o trânsito! Tal qual o trabalho atrapalha a mobilidade de toda a cidade.

As pessoas que utilizam o carro, o fazem por necessidade, por isso não vemos ninguém ficar no trânsito por prazer. Ninguém diz: "Que felicidade, 2 horas de congestionamento!" Daqui a pouco, os governos, nos trarão como solução o rodízio de trabalho: pessoas nascidas em dias pares, trabalham nos dias pares e pessoas nascidas nos dias ímpares, trabalham nos dias ímpares! Vamos esperar!
 
 
 
- Perfil do Autor:
Psicanalista, Professora de cursos de Formação em Psicanálise, Diretora da Comissão de Ética do SINPESP (Sindicato dos Psicanalistas do Estado de São Paulo), escreveu o livro "Aproximando-se da Psicanálise num jogo de perguntas e respostas".
www.elizandrasouza.com.br

Ruas da Serra da Cantareira

A preocupação com a Serra da Cantareira é uma falsidade. O descaso com as ruas é tanto, que quando chove, não há possibilidade de coleta de lixo, fazendo com que as lixeiras fiquem expostas aos cachorros que vagam pelas ruas.

Um exemplo é a rua onde morou a cantora Elis Regina. Próximo à Praça Elis Regina, esta rua sofre nas chuvas com a falta de canaletas para guiar as águas das chuvas. A rua toda esburacada, evidencia canos sob a terra. Caminhões de lixo não podem entrar na rua, por causa dos buracos, pois se descer não irá subir. Além disso, muitos proprietários não cuidam dos matos que crescem em torno de seus terrenos. A entrada da rua é praticamente fechada pelo matagal.









Como esta, outras ruas do Parque Petrópolis estão na mesma situação, demonstrando que há um descaso absoluto com a Serra da Cantareira. Preservar o ambiente, não é só não permitir desmatamento, mas sim cuidar das áreas que já estão povoadas para que não se tenha a percebção de abandono, o que daí sugere descaso e desrespeito ao meio ambiente.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

IMPOSTOS NO BRASIL

No Brasil, pagamos impostos diferentes ao governo Federal, Estadual e Municipal. Alguns exemplos:
Federal:
- Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS)
- Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
- Contribuição ao PIS- Imposto de Renda (IR)
- Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
- Imposto de Importação (II)
- Imposto sobre a Exportação (IE)
- Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)
- Imposto sobre Operações Financeiras e assemelhados (IOF)
Estadual
- Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
- Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)
- Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direito (ITCD)
Municipal
- Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)
- Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)
- Contribuição de Iluminação Pública (CIP ou COSIP)
- Taxa de Coleta de Lixo e de Limpeza Público
- Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis e de Direitos a eles Relativos (ITBI)
Repito: são apenas exemplos. O Brasil é um dos países com maior carga tributária do mundo. Pagamos para nascer e para morrer.

Decisão do Supremo pode abrir caminho para ações contra imposto em cascata

Em caso de derrota da União, empresas poderão se basear em sentença do STF sobre incidência da Cofins para realizar novos questionamentos
Ana Clara Costa
Escultura A Justiça, de Alfredo Ceschiatti, no STF União luta para que imposto em cascata seja considerado constitucional pelo STF (Orlando Brito)
Cobrança de ICMS sobre ICMS é constitucional. Contudo, há um vácuo jurídico sobre outros tipos de cobrança de imposto sobre imposto
O julgamento de uma ação movida pela Axa Seguros contra a União contestando a constitucionalidade da cobrança da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) coloca o Supremo Tribunal Federal (STF) em situação delicada. Mais do que difinir o futuro da Cofins, a sentença poderá abrir um importante precedente: estimular outras empresas a irem à Justiça para questionar a incidência de impostos em cascata – prática custosa e, infelizmente, corriqueira do sistema tributário brasileiro.
O STF deverá decidir sobre uma questão antiga: deve-se descontar o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a cobrança da Cofins? A questão, de natureza técnica, impacta de forma direta o bolso dos consumidores e o caixa das empresas. Quando o ICMS incide sobre o valor de um produto ou serviço, ele não recai sobre seu preço real, mas sim sobre seu valor acrescido de impostos (como o PIS e Cofins). Uma decisão favorável à Axa Seguros – e, consequentemente, ao contribuinte – pode abrir caminho para que outras companhias contestem pagamentos realizados nos últimos anos. Caso o julgamento seja favorável à União, o STF atestaria, na prática, a constitucionalidade do cálculo do Cofins, impedindo novas ações provenientes de empresas.
O objetivo da Axa – e de outras companhias que movem processos semelhantes, mas que ainda não chegaram ao STF – é reaver valores pagos ao longo de anos, que invariavelmente foram repassados aos consumidores. "Na hipótese de as empresas conseguirem ganho de causa, elas poderão ficar com crédito junto à União. Serão as beneficiárias dessa restituição, caso ocorra", afirma Mario Sérgio Carraro Telles, economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Levar um julgamento até o Supremo não é tarefa fácil. O órgão tem se esforçado, nos últimos anos, para julgar ações atravancadas ao longo de décadas. O caso específico da Axa desenrola-se há cerca de quatro anos e, até o momento, conseguiu ganhar a maior parte dos votos no STF (6 favoráveis e 1 contra). A União, no entanto, utilizou uma manobra para virar o jogo. Lançou mão de uma Ação de Declaração de Constitucionalidade (ADC) em que pede que o STF vote uma questão mais profunda e delicada. "Note-se, por fim, que, se inconstitucional fosse a incidência da Cofins sobre o valor do ICMS embutido no preço das mercadorias e serviços, também o seria, com muito mais razão, a incidência do ICMS sobre o próprio ICMS", diz o documento, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao ampliar essa discussão, a União coloca o STF na espinhosa situação de julgar a própria cobrança do ICMS e, por extensão, a prática de recolher imposto sobre imposto. No caso do ICMS, a cobrança, segundo os juristas, é perfeitamente legal (Emenda Constitucional nº 33 de 2001). “Esse não é um cálculo justo, mas está na Constituição”, afirma Roberto Cunha, sócio da área de assessoria tributária da consultoria KPMG.
Sobre a incidência de ICMS na base de cálculo da Cofins e de outros impostos, não se pode dizer nem que a prática é constitucional nem que é inconstitucional. Como não é garantida por lei, sua aplicação encontra-se em um vácuo jurídico, que abre espaço para contestação.
Ao pedir que a avaliação seja mais ampla, a União não contesta o atual cálculo do ICMS – mas procura indicar que, assim como neste caso, a cobrança da Cofins está em conformidade com a Constituição. “Dificilmente uma decisão do Supremo será contrária ao governo”, afirma o tributarista Felippe Breda, professor da PUC de São Paulo e advogado do escritório Emerenciano, Baggio e Associados. Segundo ele, a influência política é um fator crucial no julgamento do STF. “Não se trata de uma corte acima dos três poderes”, diz.
Procurada por VEJA.com, a Advocacia Geral da União (AGU) – que defende o posicionamento tributário do governo – reconheceu, por meio de um comunicado, que "não será possível descartar a superveniência de outros questionamentos sobre a dinâmica tributária no Brasil", caso a decisão do STF seja a favor da revisão do cálculo da Cofins. No entanto, o órgão defende a manutenção das atuais alíquotas com o argumento de que uma decisão desfavorável ao governo poderia gerar grandes perdas no financiamento de projetos sociais. "Estimamos que um resultado negativo possa trazer um impacto 12 bilhões de reais ao ano nas contas da seguridade social", relata o comunicado.
Se o Supremo tomasse a decisão contrária aos interesses do governo, sua interpretação se estenderia automaticamente a outros questionamentos existentes. Nada impediria que outras empresas entrassem na Justiça para reaver valores pagos "a mais" em função de uma tributação em cascata. Estaria aberto um importante precedente para questionar a forma como está estruturada a cobrança de impostos no país. Longe ainda ser uma "reforma tributária" efetiva, estas ações constituiriam fator inegável de pressão sobre as autoridades por mudanças.
Com reportagem de Beatriz Ferrari